quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

jazz, improviso e um certo programa de debates

A minha proposta era precisamente para que não entrássemos numa de «as conversas são como as cerejas» e «cada tiro cada melro» e irem surgindo os temas “out of the blue” porque o debate é livre e o pessoal pode divagar, navegar ou circum-navegar o tempo do programa. É preciso racionalizarmos o tempo.
Aliás, quem não gosta de jazz? (ainda ontem na Virgin, isto sou eu a imaginasticar o tempo antes da Virgin se ter ido embora, agora - in tempus presentis continuum - vamos todos à FNAC, e lá fui à secção de Jazz, bora dái, dizia eu para com os meus botões, ou a um amigo que ia ao meu lado, nao sei bem, aliás, o que é que isso interessa) Alguém acha que os improvisos não são estudados nem ensaiados? Ainda assim soam bem, parece indisciplinado (maxime no free jazz, uns do tipo Art Ansemble of Chicago, que fui ver no Seixal Jazz, quando os havia, com o meu amigo Alex, mais respeitinho, agora é Dr. Carlos Alexandre dos Reis, meretíssimo juiz da comarca do Fogo, Cabo Verde) e (até, para os menos atreitos) soam bem. Basta uma nota, a que eles chama a blue note (em saxofone tenor ensinaram-me que é o si bemol; quando eu tocava, primeiro sozinho, depois com o Júlio e para o fim, antes de arrumar no saco, na banda filarmónica da Amadora) e cada uma sabe onde entrar e que temas ou frases tocar. Acho que é praticável, pode dar bom fraseado no debate. O Debate Africano entraria como uma espécie de improviso estudado, regrado, soando a - isto é que é. E ele, o João, and now presenting João Costa Dias, Glen Miller, João Costa Dias, our MC and maestro que é (ou devia ser) o nosso maestro e é isso bem interiorizado.
Sem um sentido de orquestra o artista não passa de mais um artista e perde-se a ideia de conjunto e a arte transforma-se em cacofonia e ruídos, aquela coisa que se chama tralha comunicacional.

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