segunda-feira, 18 de junho de 2007

Tabú: entre a brevidade das promessas e a longevidade dos resultados

Durante três dias, esteve reunida a 17.ª sessão do Fórum Económico Mundial. Desta vez, na cidade do cabo para «elevar a fasquia» da boa esperança ao continente africano. Os tópicos foram os do costume: competitividade e crescimento económico; o toque de caixa o de sempre: são precisos mais planos de desenvolvimento; mas desta vez o presidente anfitrião, Tabu Mbeki, considerou que África não precisa de um só plano de desenvolvimento: precisa de vários, tendo em conta que não se deve generalizar sobre o que o continente precisa para o seu desenvolvimento sem ter em conta os seus 54 países e as dezenas de comunidades e arranjos regionais.
Apesar de Mbeki ter razão quanto às necessidades nacionais ou das comunidades regionais, penso que não há qualquer falácia na generalização de um plano para o continente. É que não se pode deixar de lado os denominadores comuns que estão identificados há muito e que permitem, em poucos factores e com ganhos de coordenação, apreender a visão de conjunto e os elementos indutores de desenvolvimento.
Na verdade, apesar da diversidade dos países e das regiões, a competitividade e o crescimento devem ser tomados em conjunto, para que os efeitos sejam de escala e multiplicadores. Esse desenvolvimento conjunto passa pela criação de condições para acesso a investimento, ferramentas de conhecimento, factores de sustentabilidade e de mercados. Por seu turno, crescer e tornar competitivo os países africanos pressupõe libertar o potencial criativo e empreendedor dos africanos: criar empreendedores locais, capazes de participar no processo de geração de emprego, riqueza e mercados internos.
Onde quer que se situe o desafio do desenvolvimento africano, é necessário investimento no factor humano, nas infra-estruturas, no ambiente de negócios, mas também na criação de mercados. Para isso, é necessária uma comunidade de vontades políticas continental que entenda que o poder político que possuem deve ser utilizado para induzir bem-estar geral, criação de factores locais de aquisição de uma mentalidade de acumulação de direitos sejam eles políticos ou económicos. Em suma, para elevar a fasquia são necessários mais do que os planos do costume.
Entre a brevidade das promessas e a longevidade dos resultados, há todo um continente que espera acções concretas e simples: acções que visem libertar o potencial dos africanos e que lhes insufle a vontade de construir o seu próprio desenvolvimento. Para isso não são precisos planos de desenvolvimento: são precisos planos de liberdade política e económica.

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