segunda-feira, 19 de março de 2007

O caso da caducidade da diplomacia portuguesa

pedro mantorras é um artista dentro e fora de campo: dentro das quatro linhas finta, marca golos e empolga multidões; fora das quatro linhas, mantorras empolgou as diplomacias angolana e portuguesa.
a carta que pedro mantorras exibiu aos agentes policiais portugueses nem mesmo em angola o autorizava a dispensar o motorista, mas foi o basta! que mostrou que o rei sócrates afinal vai nu, ou pelo menos os seus calções de atleta matinal da baia de luanda não servem para estas corridas: é que a licença de condução da diplomacia portuguesa também está caducada, e pelo menos não vale em angola.
o episódio mantorras deixa apeada a política espectáculo de josé sócrates em relação aos países africanos onde se fala português, os conhecidos falops; desmontam os discursos e empolgadas assinaturas de acordos, contratos e protocolos que nada têm que ver com o dia a dia das pessoas e revela que o governo de sócrates não tem política externa lusófona, não conhece os seus parceiros africanos e ridiculariza-se gratuitamente.
tal como a carta de mantorras, a carta diplomática de josé sócrates está caducada e não vale fora de portas: é que a antiga metrópole, padecendo ainda de um stresse pós-traumático, ainda não reconhece as suas saudosas colónias como países soberanamente independentes.
a carta de mantorras veio exigir que nesta era pós-colonial a diplomacia não se faça apenas nas corridas matinais das marginais, nos cortejos de investimentos e assinaturas de protocolos para construir uma relação entre estados, mas também nos aeroportos, nas embaixadas, nos serviços de migração e fronteira e... nas ruas: onde estão as pessoas.
o que está em causa na carta de mantorras é um modelo de diplomacia de contentor que já não interessa aos povos que constituem a lusofonia.

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