terça-feira, 20 de março de 2007

Angola VIPC: a very important petroleum-producing country

It´s the same old (and sad) story. Jad Mouavad lembra-nos, em Nowadays, Angola is Oil's topic A (in New York Times, 20 de Março, 2007, www.nytimes.com), que Angola é um país de contrastes: tem imensas riquezas naturais (nomeadamente cerca de 11,4 mil milhões de barris de petróleo, em olho cheio, biliões, em reservas provadas, o que coloca este país no clube dos VIPC = very important petroleum-producing country, os VIP dos países do petróleo, ao lado de médios produtores mundiais como o Brasil e a Argélia, que lhe garantiu a cifra de 30 também biliões de dólares americanos em receitas ganhas com exportações no ano passado: o suficiente para comprar o lugar cativo na bancada da elitista OPEP). Angola hoje exibe a sua pole position (1.º lugar) da grelha de partida das exportações mundiais de oil para a China (destronando o reino saudita) e a 6.ª posição no que toca ao abastecimento da não menos (antes pelo contrário) poderosa América. No entanto, convém lembrar que antes disso, Angola pagou 27 anos de guerra, que causaram mais de 500.000 mortos e uma contabilidade perdida de deslocados internos. A outra face da lua revela-se aparentemente já esquecida de si mesma. É que em Angola, a apetecível posição geopolítica externa não se projecta a nível das suas gentes: para o comum angolano, Angola mostra-se nos antípodas dessa pole position. Internamente, continua a assistir-se a uma imaginável quadratura do círculo: um equilíbrio falhado entre a riqueza e a penúria. Para dentro, depois de vendido (ou hipotecado: a palavra não é figura de estilo), o petróleo continuará a ser refinado em arrogância originada pela independência financeira (para espanto do FMI; mais alguém se espantou? ó ingenuidade cândida) e a produzir derivados de carácter político e económico para uma classe política e económica que não se envergonha dos 70% da população que, enquanto subproduto da guerra e dos recursos naturais, vive com apenas - para não distinguir os que vivem com ainda menos de - US$ 2,00 (isso mesmo: dois dólares americanos) por dia. Para esses subprodutos da economia rendeira, Angola na cuidará de se manter na cauda dos níveis de transparência (reparem que eu não falei de corrupção, nem de boa governação, nem mesmo de democracia, a tal cracia do demo!) e a correr para os desenfreados cumes da acumulação desigual de riqueza.
post scriptum: A esperança, no entanto, morrerá mais tarde que os senhores do petróleo, e antes que se faça tarde, existem factores de mudança que convém estudar e alimentar: a Chatam House dá uma ajuda com Angola: os factores da mudança.

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