sábado, 2 de dezembro de 2006

Contra a violência doméstica

Exorcizemos o mito machista da sociedade santomense
A violência doméstica traduz-se na prática de actos velados ou explícitos que abusos físicos, psicológicos, sociais ou económicos de um familiar sobre o outro seja contra filhos menores, (contra o cônjuge, ou contra os próprios progenitores) . Não se trata apenas de abusos ou violência sexuais, ofensas físicas, maus tratos. É também abusado aquele que é vítima de violência (ou controlo) sócio-económica - só gastas aquilo que eu deixo, só te relacionas com quem eu permito são exemplos dessa violência, exemplos de um controlo de um dos membros da relação doméstica sobre a vida social e dos recursos económicos do outro. Mas também a negligência, o abandono e a humilhação pública são formas de violência doméstica. O medo, a vergonha e a humilhação sociais causam na vítima o receio da denúncia, criando nela um sentimento de culpa, ou de aceitação daquelas práticas - ele (porque na maioria das vezes, dizem as estatísticas: 92% dos casos são perpetrados pelo homem) ele deve ter razão, eu mereci, não me portei bem, etc... A vítima da violência torna-se assim vítima doméstica, social e de si mesma. No entanto, vale a pena denunciar essa prática: A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA É UM ACTO CRIMINOSO, É UM ACTO DE SUBJUGAÇÃO DE UM SER HUMANO PELA FORÇA. O elo mais fraco, porque depende social ou economicamente, vê-se reduzido a uma coisa na qual o agressor mostra - afinal quem manda aqui, descarregando a sua fúria, um tal "impulso descontrolado", esquecendo-se da fragilidade da vítima, muita das vezes sem qualquer opção de defesa. No que toca à violência doméstica contra a mulher, não nos podemos esquecer que está em causa um dos pilares da sociedade: a igualdade e a liberdade (entre sexos)! O tema merece por isso uma abrangente discussão na sociedade santomense (como de resto o tem sido transversalmente pelo mundo), porque estão em causa valores fundacionais da sociedade: os valores da constituição da família; o da construção de um Estado justo. Urge reflectir nos modos de proteger as vítimas, deixar de estigmatiza-las em nome de uma tradicional dominação patriarcal (falsa, se olharmos para o modo como os ditos patriarcas são parcos no seu amparo familiar na sociedade santomense. A bem disto tudo, deixemos cair o mito machista da sociedade santomense)

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