segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

W.C. out of order

Enquanto a América dormia em cima do pesadelo do Médio Oriente, a América do Sul, a de Lula (Brasil), de Chávez (Venezuela), de Ortega (Nicarágua), dos Castro (Cuba) alinham entendimentos à esquerda, com mais ou menos populismos, mas com uma manifesta vontade de se livrarem da tutela imperial do vizinho que a Norte, os EUA e do seu imperialismo regional, tão abundantemente glosado por Chávez, ontem reeleito com slogans anti-imperialistas e promessas de uma revolução boliviriana para a região. As cores do mapa político da região são claras: os votos no Brasil, Bolívia, Chile, Venezuela, Equador, Argentina, Uruguai, Peru e Nicarágua sublinham bem a viragem da região a um socialismo do século XXI. Um socialismo que promete aos 110 milhões de sul-americanos que vivem com USD 1 por dia maior igualdade social, mais distribuição da riqueza, nacionalizações, restrições aos lucros dos privados; tudo isso em perene convívio com a corrupção e com formas de défice democrático. Ainda assim, uma esquerda que promete mais aos pobres. Com os adventos das democracias, da abertura de mercado e da relativa paz na região, a tendência de aproximação dos interesses das duas Américas galopavam no mesmo sentido, o que levou George W. a colocar a Latin América on the top of the US foreign policy agenda. Porém, o terrorismo de 2001, recalibrou as atenções de Washington, desviando as atenções as atenções de George W. e seus falcões para o Médio Oriente. Foi o início do esvaziamento da acalentada convergência dos interesses. Hoje, não é difícil afirmar que o W.C. (Washington Consensus) está fora de serviço, is out of order: rebentou-se-lhe o cano das injustiças que ajudou a criar! Resta saber como os gringos do norte, antigos donos do chamado quintal americano, reagirão a estes ventos calientes que sopram da América do Sul e saber se estes serão fortes para erigir na região um mundo pós-(uni)polar, mais justo, mais do interesse das suas populações.

Sem comentários: