quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Assim nem visto

Duas notas para imaginasticar:
1. Os filhos dos outros
Embaixada de Portugal em São Tomé e Príncipe nega concessão de vistos a estudantes nacionais bolseiros. Dizem as vítimas: os filhos dos ricos já estão em Portugal; mas eles, os filhos dos pobres (os mesmos pobres cuja a alma e o voto se tenta comprar em cada eleição) continuam no país, de visto negado e taxas pagas com um sacrifício que não lhes será devolvido. Palavras para quê? Num país em que o mérito insiste em ficar ausente das políticas e o dinheiro (para uns escasso e vital) se instala como via de segregação social (muito ao jeito e conveniência da classe instalada), não custa acreditar no lamento dos bolseiros.
2. Ditâmes diplomáticos!
Perante a total falta de uma política diplomática portuguesa vertebrada que permita dignificar Portugal e os seus parceiros lusófonos, o embaixador português em São Tomé não resistiu em evangelizar:
- há vários ministérios interlocutores. Isso cria embaraços na consideração de vistos. Seria melhor que houvesse só um intelocutor e não diversos intelocutores (blá blá blá) Nós prefiriamos que tudo estivesse concentrado num só ministério, disse em sermão dirigido ao "venerando Governo" santomense. Perante isto (que em boa diplomacia exigia aquele dito puxão de orelhas diplomático, o da ingerência), o Governo tarda em exigir explicações, colocando a questão nos seus devidos termos. E assim se vai construindo uma diplomacia com um sem número de teias de aranha que, povoando as mentes de uns e outros, tardam a desprender-se de complexos antigos.

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